Reitor temporário abandona reunião e causa mais uma polêmica na UNIVASF. Conselho emite nota de repúdio

O professor Paulo Cesar Fagundes Neves que exerce o cargo de reitor pró-tempore (temporário) da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf), protagonizou mais um ato que deixou a comunidade acadêmica perplexa.

 

Durante reunião com o Conselho Universitário (Conuni), o reitor pró-tempore se retirou da sessão de transmissão, sem ao menos pedir licença. A ação foi considerada uma falta de respeito com os conselheiros que participavam do encontro. “A ação do reitor pró-tempore professor Paulo Cesar representa uma falta de respeito, uma ruptura. Comunidade universitária toda agredida” disse um dos participantes.

 

A saída abrupta, segundo informações, aconteceu logo após a aprovação da pauta sobre a transmissão via TV Caatinga das reuniões. “O reitor pró-tempore fechou o link, mesmo com a sala virtual com amplo quórum”. O argumento usado pelo reitor temporário é que “tinha um compromisso”.

 

O Conselho Universitário é considerado o órgão máximo deliberativo. O atual reitor pró-tempore vem recebendo diversas críticas da comunidade também estudantil e funcionários, desde assumiu o cargo, motivada por ação judicial.

 

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Conselho Universitário da UNIVASF emite nota de repúdio:

 

Caros(as) colegas a universidade é um espaço público onde devem vicejar as reflexões, os conhecimentos e técnicas, em clima de normal aceitação das contradições, das diferentes visões de mundo, da liberdade de pensamento e de criação. Tem de ser, obrigatoriamente, lugar da convivência plural da sociedade pelas responsabilidades que a sua missão impõe para além das disputas de poder e acima dos interesses pessoais ou grupais. Portanto, é dever do seu dirigente respeitar as suas instâncias superiores e os sujeitos que as integram por direito, compreendendo a legitimidade de quem ali chegou por deliberação dos seus órgãos colegiados.

 

O Conselho Universitário da UNIVASF reunido em sessão ordinária, no dia 29 de maio de 2020 e com 67 conselheiros presentes, vivenciou um espetáculo dantesco, vergonhoso de um Reitor Pró-Tempore que se mostrou incompetente para conduzir uma reunião de praxe, abandonando-a sem explicações e justamente no ponto de pauta em que seria discutida a situação dos pró-reitores que tiveram os nomes rejeitados pelo Conuni e mantidos pelo Reitor Pró-Tempore e proposta de nota de esclarecimento desse Conselho a ser divulgada no site da UNIVASF como direito de resposta a nota publicada pelo Reitor Temporário. Neste momento, ele deixou a sala de reuniões via conferência web da Rede Nacional de Pesquisa apenas dizendo que o expediente se encerrava às 18h e ele tinha outros compromissos, quando apenas um item da pauta tinha sido deliberado e a plenária manifestando-se positivamente para continuar o debate e deliberações, uma vez que havia quórum e um representante legal que poderia dar continuidade a reunião, o Vice Reitor, substituto natural em eventos como esse. Lamentavelmente, estamos no dizer de Eric Hobsbawm (2013, p. 9-10), vivendo na UNIVASF “Tempos Fraturados”, com a perda de rumo, uma instituição desgovernada, desorientada e com dias tenebrosos.

 

A democracia e o respeito à vontade da comunidade que não elegeu essa gestão que aí chegou por imposição política, sem o voto dos atores que a constrói, estão com enormes fissuras. Essa gestão descomprometida e sem lastro democrático, desconhece o sentido público da universidade como instituição social, pretendendo anular o sujeito moral exigido pela cidadania consciente e participativa, para emergir o protecionismo, a troca de favores, o desrespeito aos Conselheiros da instância mais importante da universidade e o ódio, na tentativa de apagar o projeto civilizatório que foi construído nesses últimos anos.

 

Como partícipes da Educação Superior, os Conselheiros em suas diversas categorias entendem a universidade como campo de disputas de poder que envolvem ideias e lugares sociais distintos e frequentemente conflitantes, nos currículos dos cursos, nas estruturas de ensino, de pesquisa e de extensão, mas respeitando-se as regras e os instrumentos legais que regem a instituição. É da missão da UNIVASF enquanto instituição pública democrática, quando mergulhada nos encontros e desencontros do seu cotidiano, conduzir a sua política educacional com respeito às diferenças e as contradições vigentes na coletividade, assumindo suas responsabilidades na construção do bem comum.

 

Estamos reagindo a tamanho descalabro. Não ficaremos calados diante de tamanha afronta à Educação Pública e a toda a comunidade que a financia.

 

Conselho Universitário Univasf

Petrolina 29 de Maio de 2020.

REDEGN

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