Presidente da Americanas renuncia por descoberta de “inconsistências” de R$ 20 bilhões nas finanças da empresa

A Americanas informou nesta quarta-feira, 11, que o seu presidente, Sérgio Rial, e o diretor de relações com investidores, André Covre, decidiram deixar os cargos. A decisão ocorre após a empresa detectar inconsistências em lançamentos contábeis estimadas em R$ 20 bilhões. Os executivos tomaram posse há cerca de dez dias.

 

A companhia informou que as inconsistências foram detectadas em dados contábeis de anos anteriores, incluindo o de 2022. A área contábil identificou a existência de operações de financiamento de compras de cerca de R$ 20 bilhões. Porém, os valores não constam nas demonstrações financeiras dos fornecedores na data de 30 de setembro do ano passado.

 

“Neste momento, não é possível determinar todos os impactos de tais inconsistências na demonstração de resultado e no balanço patrimonial da companhia”, diz a empresa, em comunicado.

 

A cifra de R$ 20 bilhões e a nota da companhia dão a entender que as chamadas inconsistências foram levadas por anos. A companhia foi controlada pelo 3G Capital (do trio Jorge Paulo Lemann, Carlos Alberto Sicupira e Marcel Telles) até 2021, quando o grupo decidiu diminuir sua participação em um rearranjo societário que visava simplificar o nó acionário da companhia. A decisão foi tomada, entre outras coisas, pois a complexidade societária penalizava os papéis da Americanas.

 

Com menor influência do trio de investidores, a empresa anunciou em agosto do ano passado que Rial assumiria a companhia no primeiro dia de 2023, como sucessor de Miguel Gutierrez. O anúncio foi visto pelo mercado como inesperado, já que Rial era presidente do conselho de administração da Vibra e não tinha experiência no ramo de varejo. Ele também presidiu o Santander Brasil de 2016 a 2021.

 

A ação da Americanas vinha em um ritmo de alta nas últimas semanas, com uma valorização de 43,37% no último mês e de 24,35% apenas em 2023.

 

Investigação

O conselho de administração decidiu criar um comitê independente para apurar as circunstâncias que ocasionaram as inconsistências. “Os acionistas de referência da Americanas, presentes no quadro acionário há mais de 40 anos, informaram ao Conselho de Administração que pretendem continuar suportando a companhia, tendo o sr. Sérgio Rial como seu assessor nesse processo, prestando apoio na condução dos trabalhos”, diz ainda o documento.

 

O conselho de administração nomeou interinamente João Guerra para diretor-presidente e diretor de relações com investidores. O executivo atua nas áreas de tecnologia e recursos humanos da Americanas e não tem envolvimento anterior na gestão contábil ou financeira.

 

Com informações: Estadão

Foto: Paulo Whitaker/Reuters

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