Nordeste deve puxar crescimento do Brasil até 2033; veja os maiores investimentos por região
Com uma série de investimentos públicos e privados programados para a próxima década, o Nordeste deve ser a região do país com maior crescimento econômico no período 2025-2033, segundo projeções da Tendências Consultoria.
A recessão iniciada em 2014 interrompeu um período em que a região crescia acima da média nacional, embora em patamares inferiores aos verificados no Norte e Centro-Oeste.
Esses dois últimos devem continuar com bom desempenho ao longo dos próximos anos, também impulsionados por mais investimentos —e pelo agronegócio, no caso do Centro-Oeste.
Os investimentos programados para o Sudeste, por exemplo, superam os esperados para o Nordeste em valores monetários, mas são menores, proporcionalmente, ao tamanho da sua economia. Ou seja, em regiões mais desenvolvidas, esses aportes de investimento têm impactos menores.
“O Nordeste vai ser a região que vai liderar, em termos de variação interanual do PIB [Produto Interno Bruto], o crescimento da próxima década. Os investimentos vão impulsionar a região nos próximos anos, mas o Sudeste deve seguir como o principal motor da economia brasileira”, afirma Assis.
“Por mais que haja essa expectativa de crescimento [para o Nordeste], ela não deve se reverter, ao menos nos próximos dez anos, em uma melhora da heterogeneidade econômica do país. As vulnerabilidades econômicas e essa marcante desigualdade devem permanecer.”
No Nordeste, a consultoria destaca o investimento da Petrobras de cerca de US$ 8 bilhões na Refinaria Abreu e Lima, no município de Ipojuca (PE), para ampliar a capacidade de refino no país. A primeira unidade, com capacidade para refinar 115 mil barris de petróleo por dia, está em operação desde 2014. O projeto do chamado trem 2 acrescenta capacidade de refino de 150 mil barris.
No mesmo estado, o grupo automotivo Stellantis investirá aproximadamente US$ 1,5 bilhão para ampliação do parque de fornecedores em Goiana (GO).
Outro destaque é o investimento de aproximadamente US$ 830 milhões para implantação de uma refinaria no Complexo do Pecém (CE), da empresa Noxis Energy.
Ecio Costa, professor titular de Economia na UFPE (Universidade Federal de Pernambuco) e sócio na CEDES Consultoria e Planejamento, destaca a importância dos investimentos programados do Novo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), de quase R$ 100 bilhões no estado (R$ 700 bilhões em todo o Nordeste).
“O Nordeste tem uma necessidade de investimentos em infraestrutura muito grande, mas a gente tem que ver na realidade o quanto disso vai sair do papel e ser efetivamente concretizado. Os PACs anteriores tiveram um índice de conclusão muito baixo”, afirma Costa.
Quase metade da lista de obras do Novo PAC é composta por promessas ressuscitadas das versões anteriores do plano.
Em Pernambuco, segundo ele, um dos gargalos é a infraestrutura viária, que tende a melhorar com obras como o Arco Metropolitano e a duplicação de alguns trechos da BR-104, que corre em paralelo à BR-101 pelo interior.
Ele cita também o impacto do programa do Bolsa Família com valores mais elevados, em setores como as indústrias de alimentos e bebidas.
No Norte, a Tendências destaca os investimentos em mineração da Vale no Pará e obras para redução de gargalos logísticos para o escoamento da produção agropecuária do Centro-Oeste.
Na região central, além do agronegócio, destacam-se três grandes projetos de novas fábricas no setor de papel e celulose em Mato Grosso do Sul.
Lucas Assis, da Tendências, afirma que um dos principais riscos para a concretização dessas projeções e desses investimentos é o desempenho dos projetos ligados ao setor público. “A situação fiscal deteriorada deve seguir limitando desembolsos públicos”, afirma.
Mesmo os investimentos privados podem ficar limitados por fatores como juros altos, inflação em patamar elevado e aumento de incertezas globais que restrinjam o fluxo de recursos para países emergentes.
A consultoria espera um crescimento médio do país de 2,5% de 2025 a 2033, semelhante ao verificado de 1996 a 2005, mas abaixo da média 2006-2014 (3,5%), período que antecedeu a última grande recessão.
Fonte: Folha de S.Paulo
Imagem: Agência Petrobras