Gravidez acima dos 50 anos: médico explica como terapias hormonais e controle da obesidade contribuem para casos raros de gestação

No auge de seus 55 anos, a atriz Claudia Raia anunciou há pouco mais de duas semanas que está grávida. A notícia surpreendeu fãs, admiradores, e despertou discussões sobre gestação e longevidade, assunto esse que permeia os diálogos de famílias, e nos consultórios entre médicos e pacientes.

 

O Dr. Luis Henrique Nunes, médico urologista, referência em implantes hormonais e atuação especializada em reprodução humana explica as implicações mais comuns para a fertilidade feminina e aponta o tratamento da obesidade como aliado.

 

“A notícia de gravidez de Cláudia Raia é excelente, mas é uma exceção numa idade tardia e de forma tão saudável. Em resumo, a redução da fertilidade da mulher está relacionada a três fatores principais: o aumento da idade que diminui a reserva ovariana, a obesidade que piora a qualidade dos óvulos, e a endometriose também responsável pela diminuição da reserva ovariana, qualidade dos óvulos, além de obstruir a região das trompas. A preservação da massa muscular e a prevenção do sobrepeso podem ser conquistadas através da regulação hormonal das pacientes. Os implantes hormonais existem para revolucionar, sendo, inclusive, um dos principais tratamentos da endometriose. Pacientes que têm disfunções como a síndrome do ovário policístico também podem ter benefícios com o implante hormonal, assim como a preservação da massa muscular”, explica o médico.

 

Ele recomenda que a partir dos 35 anos, para a mulher que não deseja ou que está impossibilitada de gestar nesse momento, o ideal é preservar os óvulos através do congelamento para garantir uma gravidez futura com uma qualidade melhor dos óvulos. Pois, com o passar dos anos existe uma redução na taxa de fertilidade e seus óvulos diminuem com o aumento da idade.

 

Ainda como embrião, a mulher tem mais de 10 mil óvulos, no nascimento cerca de 5 mil, na puberdade tem menos de mil óvulos e isso vai se perdendo na gestação. A mulher com 38 anos deve pensar que o óvulo dela também tem 38 anos, quanto maior a idade, mais alterações na divisão do óvulo o que pode aumentar as chances de malformações fetais, mas não impede a gestação.

 

“Um estudo mostra que mulheres acima de 40 anos se tiverem de um a dois óvulos para fertilização in vitro têm menos de 1% taxa de gravidez, se tiver de cinco a seis óvulos, o que é raro, a taxa aumenta para 13%, taxa ainda considerada baixa. Já existem estudos que também mostram alterações na fertilidade do homem que com o aumento da idade têm uma piora na qualidade do espermatozoide. Ao contrário das mulheres, os homens têm renovação dos espermatozoides a cada 76 dias”, complementa Dr. Luis Henrique.

 

Segundo ele, como hoje em dia as mulheres possuem mais qualidade de vida é possível preservar a reserva ovariana. No caso de Cláudia Raia, como é uma paciente que está associada a manter a atividade física e boa saúde, teve sucesso na gravidez, mesmo com a idade acima do comum.

 

Por isso, para a ovulação ocorrer com muito aproveitamento é preciso cuidados através de boa alimentação e exercícios. No caso de mulheres com sobrepeso, por exemplo, o tecido adiposo produz mais estrogênio do que o necessário, provocando um desequilíbrio e os ovários não trabalham com excelência. O que também ocorre em quem está acima do peso é a possibilidade de gerar resistência à insulina, podendo ter diabetes tipo 2, condição que afeta a produção de hormônios e prejudica a ovulação.

 

Outro fator que merece atenção é a produção e preservação da massa muscular, uma vez que um bom índice é importante para o metabolismo e para a capacidade funcional do corpo em desempenhar bem as atividades do dia a dia. Bem como ajuda a fortalecer as articulações, os ossos e o coração.

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