Estudo revela que beber 2 xícaras de café por dia reduz risco de doenças cardíacas

Um estudo publicado no European Journal of Preventive Cardiology indicou que o consumo de duas a três xícaras de café por dia está associado à redução no diagnóstico de doenças cardiovasculares e na mortalidade, quando comparado com pessoas que não bebem café. Os resultados valem tanto para o café descafeinado, quanto para o moído ou instantâneo.

 

A mesma pesquisa associou a ingestão do café em pó ou instantâneo ao menor risco de arritmia cardíaca. Os benefícios acontecem porque apesar da presença da cafeína em maior quantidade no café, ele é composto por mais de 100 agentes biológicos que podem atuar de forma protetora.

 

O objetivo desse estudo atual foi avaliar o impacto dos diferentes subtipos de preparo do café (descafeinado, moído ou instantâneo) nos desfechos cardiovasculares. Os resultados confirmam que o consumo moderado da bebida é seguro e benéfico, o que é consistente com as evidências anteriores.

 

“O café é uma bebida muito popular e o Brasil é o segundo maior consumidor mundial. Essa questão dos benefícios ou não do café era uma das grandes controvérsias nas pesquisas, que ainda são um pouco conflitantes. Mas, de fato, antes o consumo de café era praticamente proibido para as pessoas cardiopatas e hoje sabemos que ele não é o vilão, muito pelo contrário, ele pode ter efeitos benéficos”, diz o cardiologista Humberto Graner, coordenador do Pronto-Atendimento do Hospital Israelita Albert Einstein de Goiânia.

 

Para chegar aos resultados, os pesquisadores usaram dados do Biobank do Reino Unido e acompanharam quase 450 mil pessoas que não tinham arritmias ou outras doenças cardiovasculares no início do estudo ao longo de 12,5 anos. Os participantes tinham média de 58 anos de idade, responderam questionários sobre o nível de consumo diário de café e o tipo preferido.

 

Os pesquisadores perceberam que beber de uma a cinco xícaras por dia de café em pó ou instantâneo (mas não descafeinado) foi associado a uma redução significativa nos casos de arritmias – isso significa beber de 4 a 5 xícaras de café em pó ou 2 a 3 xícaras do tipo instantâneo solúvel. O consumo cotidiano de 2 a 3 xícaras por dia também foi associado à redução no risco de doença cardiovascular (inclusive insuficiência cardíaca e acidente vascular cerebral isquêmico) quando comparado com quem não consome a bebida.

 

Segundo Graner, o receio do consumo de café por cardiopatas sempre esteve associado à cafeína. “Em doses moderadas, a cafeína se liga ao receptor da adenosina e tem um efeito estimulante e excitante. Quando consumida em doses elevadas, pode induzir ansiedade, hiperestimulação do sistema nervoso, insônia, aumentar a pressão arterial, causar taquicardia e irritação”.

 

O cardiologista acrescenta, no entanto, que o café possui outros compostos biologicamente ativos que podem explicar os efeitos benéficos. “São substâncias que têm efeito anti-inflamatório, reduzem o estresse oxidativo, melhoram a microbiota intestinal e ajudam, inclusive, a modular os efeitos da glicose e o metabolismo da gordura. Essas substâncias são polifenois, magnésico, vitamina B3, entre outras”.

 

“Além disso, a gente sabe que a cafeína melhora e aumenta o gasto energético e, a longo prazo, algumas pesquisas mostram redução do diabetes tipo 2 justamente por aumentar a queima de glicose no sangue”, afirmou o médico.

 

Com informações: Terra e Istoé (Fonte: Agência Einstein)

Foto: John Schnobrich/Unsplash

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