Projeto dos contadores de histórias de Juazeiro da Bahia se torna referência no Rio Grande do Sul

Há quase 14 anos, o professor especialista, escritor e contador de histórias Willian Fernando Soares vem propagando a arte da narrativa oral a partir das raízes culturais de Juazeiro (BA) e do Vale do São Francisco.

 

Seu trabalho, marcado pela valorização da cultura local de pesquisa em viagens no Velho Chico, incentiva a leitura por meio de causos, mitos e lendas, e fortalece o fazer formativo com projetos inovadores, em destaque premiações nacionais de reconhecimento, e consolidação na pesquisa e estudo da contação de história. A trajetória do artista da palavra pode ser dividida em três fases:

1ª fase (2011–2020): formação de contadores de histórias nas escolas públicas municipais estaduais e privadas, com apresentações por toda a cidade e no Vale do São Francisco, previamente mais de 250 adolescentes e jovens passaram pelo laboratório de conhecer e contar as lendas do rio São Francisco. Em 2020 a formação de narradores foi virtual devido a pandemia da covid-19.

2ª fase (2021–atual): atuação como escritor de literatura infantojuvenil, criando A Turma do Contador de Histórias, nessa fase se tornou Patrono da Academia Brasileira de Contadores de Histórias.

3ª fase (2023–atual): criação do Curso Peixe Vivo: Práticas na Linguagem da Contação de Histórias, que em 2025 ganhou a Coleção Peixe Vivo, formada por livretos que usam a metáfora dos peixes nativos do Rio São Francisco para ensinar técnicas e saberes da narrativa oral para professores, multiplicando a arte de encantar com as histórias.

 

Essa trajetória inspirou uma iniciativa que agora floresce a mais de 3 mil quilômetros de distância. Em Passo Fundo, na região norte do Rio Grande do Sul, será lançado neste mês de agosto o Projeto Escola de Contadores de Histórias, aprovado em edital da PNAB (Política Nacional Aldir Blanc). A proposta oferece formação na área da contação de histórias para educadores e adolescentes do município, ampliando o acesso e a participação em atividades culturais.

O autor do projeto gaúcho é o professor, escritor e contador de histórias Gabriel Tonin, conhecido como Gabito. Patrono da ABCH (Academia Brasileira de Contadores de Histórias), Gabito afirma que buscou inspiração direta no trabalho realizado em Juazeiro.

— Para nós, aqui em Passo Fundo, é muito bom poder contar com a referência do trabalho do Will. Esse projeto, dada a sua relevância, é uma fonte de inspiração para formação e vamos procurar realizar um intercâmbio entre as iniciativas, para fortalecer a arte da oralidade em nossos espaços — destaca.

Assim, o que começou às margens do Velho Chico agora cruza fronteiras, reforçando a força da palavra falada como ferramenta de educação, memória e transformação social.

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