O CENÁRIO MUDOU: Idosos e jovens não vacinados são maioria nas UTI’s Covid

O ‘perfil’ da pandemia mudou: se, no primeiro semestre, pico da pandemia de coronavírus no Brasil, havia muito mais leitos exclusivos para a doença, com adultos de todas as idades, hoje o perfil é outro. Atualmente, a UTI do maior complexo hospitalar da América Latina, o Hospital das Clínicas, segue a tendência do Brasil: há menos leitos disponíveis para covid, ocupados, em sua maioria, por pessoas dos chamados grupos de risco, como idosos em idade avançada e imunossuprimidos. Mas um grupo tem furado essa “bolha”: jovens e adultos que não se vacinaram.

 

“Na UTI, com covid, o que a gente tem, basicamente, são pacientes mais velhos com fator de risco, como alguma comorbidade, transplantados imunossuprimidos –que, mesmo com a vacina, têm desfecho muito pior– e os não vacinados. Infelizmente, eles ainda existem”, diz Gabriela Diniz, infectologista e intensivista do HC-SP. As histórias são das mais diversas. Além dos não vacinados que acabam internados, médicos e residentes contam casos de como familiares e pessoas próximas a quem recusa a vacina também acaba impactado.

 

“Recentemente, tivemos um caso em que a família inteira se vacinou, mas o paciente —um médico—, não. Ele dizia que não ia pegar porque trabalhou em UTI, na linha de frente no ano passado e estava imune. A filha ficou sintomática, a família inteira ficou bem e ele acabou internado”, conta Diniz. “Ele ficou bem? Ficou, não foi invadido. Mas era um homem jovem, atleta e ficou aqui, sozinho, vendo os outros serem intubados, sem saber se ele seria o próximo. Enquanto isso, quem se vacinou teve sintomas leves, como os da gripe”, completa a médica.

 

Eficácia – Todas as vacinas que estão sendo administradas no Brasil são eficazes contra a Covid-19, segundo a Fiocruz em seu primeiro boletim sobre eficácia das vacinas contra o vírus, divulgado na sexta (10). O estudo analisou as quatro vacinas aplicadas no Brasil no período de janeiro a outubro deste ano. Nas faixas etárias de 20 a 80 anos, considerando casos graves que precisaram de internação, a proteção variou entre 83% e 99% para todas as vacinas. Nas pessoas abaixo dos 60 anos, todos os imunizantes mostraram eficácia acima de 85% contra o risco de hospitalização e acima de 89% para o risco de morte.

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