Fiscal do Carrefour é presa e será indiciada por homicídio
A fiscal do Carrefour Adriana Alves, que aparece nas imagens que mostram o soldador João Alberto Silveira Freitas, de 40 anos, sendo agredido até a morte, foi presa nesta terça-feira (24/11). A prisão é temporária — ou seja, tem o prazo de 30 dias. A mulher será indicada por homicídio triplamente qualificado, segundo a Polícia Civil, assim como os dois seguranças, Giovane Gaspar, que é policial militar temporário, e Magno Borges, presos em flagrante na última quinta-feira (19).
O caso ocorreu em uma unidade do Carrefour em Porto Alegre (RS). Nas imagens de câmera de segurança, Adriana aparece ao lado dos seguranças que agridem João Alberto. Ele foi espancado e asfixiado, segundo laudo preliminar. A cena também foi gravada por diversos clientes e prestadores de serviço que estavam no local. Em um desses vídeos, Adriana se aproxima e diz a um homem: “Não faz isso que eu vou te queimar na loja”.
Em depoimento, ela disse que a vítima havia empurrado uma mulher no mercado. A informação, entretanto, não procede, de acordo com as investigações da Polícia Civil. Nas imagens de câmera de segurança do local, Beto, como era conhecido, não aparece agredindo ninguém. A Polícia Civil entendeu que Adriana “detinha naquele momento a posição de impedir que aquela resultado acontecesse”: “E ela assim não agiu. Ela contribui para o resultado morte com a omissão dela. Mesmo estando junto com os dois seguranças e ouvindo a vítima pedir que soltasse, porque não conseguia respirar, mesmo assim ignoraram e mantiveram a vítima daquela forma agressiva, o custodiando ainda de modo a fazer com que ele tivesse dificuldade de respirar”, afirmou Roberta.
Em depoimento nesta terça-feira, Adriana afirmou que “jamais pretendia causar qualquer resultado desta natureza e que ela entende que não contribuiu para este resultado”, segundo a delegada. Na quinta-feira, ao prestar o primeiro depoimento à polícia, ela disse que “a vítima proferia xingamentos durante a contenção, mas não ouviu a mesma pedir ajuda”. Imagens gravadas por pessoas que passavam no local mostram João gemendo e dizendo: “Vou morrer”. Em relação aos xingamentos, isso não é visto nos vídeos.
Um outro vídeo mostra determinado momento em que Adriana chega perto de João, se abaixa e diz: “Se acalma aí pra gente poder te soltar. A brigada [militar] está chegando aí, tá bom?”. João, então, diz algo, ao que ela responde: “Não, a gente não vai te soltar não, pra ti bater em nós de novo?” Antes das agressões terem início, João desfere um soco na direção de Gaspar. (Correio Brasiliense)