Falso Advogado abriu banco para enganar fazendeiros e sumiu com R$ 5,8 milhões das vítimas

Segundo o site “UOL“, o nome até então desconhecido no mercado dedicado a financiar operações do agronegócio, o Banco Agro abriu unidades em Fortaleza (CE), Sorriso (MT) e Luís Eduardo Magalhães (BA) nos últimos dois anos, prometendo empréstimos vantajosos a produtores rurais.

 

Eram agências reformadas, decoradas com a cor verde característica da empresa e que contavam com equipes de funcionários. As inaugurações, com a presença de autoridades, foram registradas na imprensa dessas cidades.

 

No site da empresa, há uma lista extensa de produtos que só um banco pode vender: investimentos, empréstimos e financiamentos, compra de sementes, financiamento de veículos e de máquinas, imóveis, energia fotovoltaica, consórcios, seguros, operações de câmbio, entre outros.

 

O Banco Agro, no entanto, não existe.

 

Pelo menos, não como instituição bancária. A empresa não tem autorização do Banco Central para atuar em serviços financeiros, e não demorou para que seus sócios respondessem na Justiça pela acusação de darem um golpe em clientes e investidores.

 

O presidente da empresa é Ruy Rodrigues Santos Filho. Ele responde a acusações de estelionato, já passou por algumas prisões preventivas e, antes do Banco Agro, participou de outros negócios com promessas milagrosas que, depois, não pararam de pé.

 

Apenas em processos públicos recentes identificados pelo UOL, o prejuízo que teria sido provocado por Ruy Rodrigues àqueles que se identificam como suas vítimas chega a R$ 5,8 milhões. Há outras investigações, sigilosas ou mais antigas, que tornam essa cifra uma estimativa modesta.

 

Em 27 de março de 2023, dois empresários de Sorriso — município com a maior produção de soja do país — que investiram na abertura de uma agência do “banco” entraram com um processo pedindo R$ 1 milhão de volta.

 

Advogado sem OAB

 

Nascido em Feira de Santana (BA), Ruy Rodrigues é acusado de estelionato desde pelo menos 2004, quando foi intimado a depor sob suspeita de “aplicar golpes na praça usando documento falso” se passando por advogado, conforme registrou um delegado da cidade.

 

Em 2009, já em Salvador, tentou fugir pela janela de um apartamento no 10º andar no bairro do Rio Vermelho antes de ser detido pela polícia. Foi preso acusado de enganar pessoas fingindo ser advogado com a carteira da OAB do pai, Ruy Rodrigues Santos.

 

Com ele, havia documentos de três carros — uma Hilux, uma Tucson e uma Veracruz — no nome de possíveis vítimas, além de dois computadores, segundo reportagem do jornal baiano “A Tarde”. Ficou em prisão preventiva por dez dias até pagar fiança. Livre para responder em liberdade, fez as malas e escolheu Brasília como sua próxima moradia.

 

Na capital federal, abriu um escritório e passou a se apresentar como solução para quem estivesse enrolado com financiamentos de imóveis e carros, segundo o que é descrito em processos judiciais. Assim como na Bahia, apresentava-se como advogado sem ter registro da OAB.

 

Aos clientes, pedia algumas dezenas de milhares de reais e prometia quitar suas dívidas, mas, de acordo com aqueles que moveram ações, desaparecia com o dinheiro depois.

 

Levou o governo no bico

 

O falso banqueiro também levou no bico autoridades do governo federal. O Banco Agro chegou a se tornar “parceiro” do Rota da Fruticultura, um programa financiado pelo Ministério da Integração e Desenvolvimento Regional.

 

Nos eventos do programa, cujo objetivo é ajudar pequenos produtores, cartazes traziam a marca do banco ao lado dos logos da Embrapa, Codevasf e outras organizações.

 

Em junho de 2023, em Arinos (MG), o coordenador da Rota da Fruticultura e servidor de carreira da Codevasf, Luiz Curado, contou em um desses eventos como levou uma produtora de mirtilo para tomar um empréstimo no banco.

 

“Nós fomos lá e ajudamos essa senhora. Ela investiu R$ 80 mil. Em 2022, ela faturou R$ 160 mil. Em menos de um ano. Plantou, investiu 90 (sic) e colheu 160. Levei ela no Banco Agro, falamos com o gerente”, disse Luiz Antônio de Passos Curado, servidor da Codevasf.

 

Com informações UOL

Foto: Reprodução

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