Após a eleição de Lula Horário de Verão é tema de debate nas redes sociais; veja prós e contras da medida

Implantada na década de 1930, o Horário de Verão foi suspenso durante o governo Bolsonaro e volta a dividir opiniões na internet. O assunto voltou a ser discutido na esfera política após vitória do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que colocou o retorno da medida no radar das redes sociais.

 

Na quarta-feira passada (3), o ator Bruno Gagliasso publicou no Twitter um pedido para que o vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin, responsável por coordenar a equipe de transição para o governo Lula, incluísse em suas pautas o retorno da medida, que caiu em 2019 no primeiro ano do governo de Jair Bolsonaro (PL). “Aproveito o momento para pedir ao nosso vice-presidente eleito que inclua a volta do Horário de Verão no plano de transição. Horário de Verão é o Brasil feliz de novo”, disse o ator.

 

A suspensão do horário de verão já era estudada no governo de Michel Temer, mas foi implantada durante a gestão de Bolsonaro. Ele justificou que o horário de verão afetava negativamente o relógio biológico da população e não contribuía para economizar energia elétrica.

 

Mas, a ideia do horário de verão é adiantar o relógio em uma hora para evitar, nos meses de maior calor e maior duração da luz do sol, sobrecarga do sistema de energia elétrica nos horários de pico.

 

De acordo com dados do Ministério de Minas e Energia nos últimos anos, o Brasil economizou pelo menos R$ 1,4 bilhão desde 2010 por adotar o horário de verão, em razão de uma redução média de 0,5% no consumo de energia, chegando a 4,5% no horário de pico.

 

Segundo dados do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), números já divulgados, entre 2010 e 2014, o aproveitamento da luz do sol resultou em economia de R$ 835 milhões para os consumidores, principalmente devido à redução da necessidade do uso de termelétricas (de operação mais cara).

 

O especialista em infraestrutura Claudio Frischtak avalia que uma hora a mais de luminosidade reduz os riscos de “homicídios, roubos e acidentes de trânsito”.

 

Um estudo de 2016, realizado por pesquisadores da UFPE (Universidade Federal de Pernambuco), por exemplo, analisou dados de ocorrência de acidentes rodoviários entre 2007 e 2013. Segundo o estudo, nos estados em que o horário de verão era adotado, houve redução de 10% dos acidentes em rodovias federais.

 

Os números oficiais mostram, entretanto, que a economia no consumo de energia caiu nos últimos anos e que a medida passou a ter pouca relevância tanto para a segurança do setor de energia como na composição do preço da conta de luz. A economia gerada caiu de R$ 405 milhões em 2013 para R$ 147,5 milhões, em 2016.

 

Segundo os contrários à medida, o horário de verão afeta o setor agropecuário, uma vez que o gado bovino seria sensível à mudança de horário das fazendas, afetando a produtividade leiteira. “Se os horários mudam repentinamente, isso causa um estresse no animal. No caso da vaca de lactação, pode, inclusive, diminuir o leite”, disse José Carlos Ribeiro, da Boi Saúde, consultoria especializada em saúde bovina.

 

O horário de verão foi instituído no Brasil durante a gestão de Getúlio Vargas, em 1931 e 1932, mas só passou a ser adotado sem interrupções a partir de 1985. A medida foi criada para aproveitar a iluminação natural nos dias mais longos para poupar energia e reduzir o risco de apagões e ocorre a partir do adiantamento dos relógios em uma hora. Quando adotada, a medida costuma durar cerca de 120 dias, entre outubro e fevereiro.

 

 

Com informações G1

Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil

 

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